Da minha janela eu vejo o que eu vejo. Nada. Aliás, eu até vejo, mas não tento entender, e nem me interesso também. Moro em uma vila no terceiro andar de onde vejo outras casas e a grande Avenida Brasil. Crianças brincam na rua até o anoitecer. Vejo pessoas seguindo os inúteis padrões da sociedade, pessoas normais, pessoas sem graça.

Tem gente que discute e sai aos tapas. Algumas brigas são até engraçadas. Teve um dia bem curioso quando toda a vizinhança parou só para observar a discussão horrível de um casal.

Não vejo muita coisa da minha janela porque passo mais tempo do outro lado dela. E ao amanhecer, um grande silêncio, não há ninguém, quase não consigo ver o sol nascer.

 

Janaina Lopes de Medeiros