Para ver além da minha janela, tenho que subir no sofá. Meu pai sempre reclama.

De manhã, ouço apenas os cachorros latindo e vejo pombos na rua. Lembro que vou sair, e não gosto deles.

Há casas na frente da minha janela. Vejo mulheres penduradas nas suas janelas, com cara feia, como sempre, querendo saber da vida dos outros. Vejo crianças na rua, gritando, brincando e sorrindo, e às vezes perturbando também.

À noite, vejo apenas escuro, nenhum barulho. Até me assusto, e prefiro sentar no sofá, para meu pai não começar a gritar.

 

Bruna Kely Barbosa